Conforme postei dias atrás resolvi participar de Audax 200 km (estilo
randonée), promovido pela Sociedade Audax de Ciclismo, na terça-feira passada, dia 02.
Gostei bastante da organização desse Audax. Na véspera tivemos a distribuição dos
kits - passaporte, cartão de rota e vale refeição - e o
briefing.
A distribuição foi no DC Navegantes, só não entregaram a placa e o selo do Audax pois o colega (Udo Carlos Weissenstein de Vera Cruz) que confeccionou esses dois itens e estava vindo de bicicleta, de Vera Cruz ... Havia saído às 17 h com a promessa de chegar às 5 h a tempo de distribuir as placas para a largada no dia seguinte, pode?!?
Sirlei Ninki
Diretora Geral da Prova
O briefing foi um luxo, no auditório do IPA (que tem um campus logo ao lado do DC Navegantes), com direito a projeção de eslaides, troca de experiências e respostas a diversas perguntas. É claro que nesse momento foi dado ênfase aos itens de segurança bem como dicas de como tornar o pedalar seguro. Estavam presentes a maioria dos ciclistas.
Inspeção feita, pronto para sair.
Na manhã de terça-feira bem cedinho, às 5:30 h, café tomado já estava no DC, fiz a inspeção e entrei num cercado onde aguardamos a largada.
Iniciamos o Audax exatamente às 6h e 30 min. Saímos pela entrada secundária do
shopping, demos a volta ou redor dele até chegar à avenida que desemboca no sistema de viadutos e ponte do Guaíba. Tinhamos uma moto como batedor e até o posto da Polícia Rodoviária Federal todos deveríamos seguir atrás da moto e a partir dali estávamos liberados para seguir livres. Tão logo puderam os que estavam de
speed tomaram a frente e sumiram.
Como não queria repetir a experiência do Audax anterior mantive um ritmo de aquecimento sem forçar muito. Apesar do vento frio (a temperatura estava ao redor dos 13 graus) consegui pedalar bem.
O primeiro Ponto de Apoio estava no Posto de Pedágio da Univias na BR 290 neste posto já era possível parar para se servir de uma água ou comer alguma coisa. Seguimos pela BR, com uma boa, larga e limpa
berma. O movimento naquela hora da manhã era pequeno e pedalamos sem maiores percalços.
Os meus problemas começaram no quilômetro 50. Um
lumbago que apareceu do lado esquerdo e logo logo passou para o direito (lembrei do Pinga) começou a me tirar o tesão. A dor nas costas não me largou mais, tentei de tudo, desde um Tylenol até subir e descer o selim e nada de melhorar. A solução foi ir parando de tempos em tempos, alongar e pedalar mais um pouco. Para unir o útil ao agradável tentei parar em lugares agradáveis, com sombra, ou em que a vista fosse bonita. Nessas alturas achei que a vaca ia pro brejo, como essas ai!
Após sair da BR 290 entramos na ERS 401 e em General Câmara na 244. Nas RS a
berma passou a ser um verdadeiro acostamento. Muitos buracos, cascalho, vidro e outros detritos (sem falar nos inúmeros animais mortos - pássaros, cachorros, gambás) o que fez com que tivéssemos que pedalar na pista, sobre a linha branca mas na pista de rolamento (claro que o mais perto da berla possível). O movimento nessas estradas não era tão intenso e seguimos tranqüilos (claro que um ou outro motorista de caminhão fazia ver que estávamos numa rodovia).
Ponte sobre o Rio Jacuí
O trajeto Charqueadas, São Jerônimo e General Câmara é meio inóspito. Algumas florestas de eucaliptos, pastos ralos e degradados. Não é uma região bonita. Entre São Jerônimo e General Câmara o que achei muito legal foi o Rio Jacuí que ao que parece é um rio navegável. Passamos por uma ponte que permite a passagem de embarcações de grande porte.
Vistas do Rio Jacuí
O primeiro Posto de Controle (PC) estava localizado num Posto de Gasolina, em General Câmara, após 77 quilômetros rodados. Carimbei meu passaporte às 10 h e 24 min - quase quatro horas de pedal para fazer 77 km. Nesse PC parei um bom tempo, fiz mais alongamentos, recebi conselhos de alguns ciclistas, fiz os exercícios sugeridos e reiniciei a jornada.
Primeiro PC - Banana e água
Na altura do quilômetro 80 começamos a encontrar os speedeiros já de volta. Nessa altura o vento estava contra que ia e a favor de quem vinha assim, eles vinham que vinham ... nas descidas então ... Que inveja, nós subindo com vento contra e eles descendo com vento a favor.
Tente imprimir um ritmo um pouco mais forte nessa segunda perna do Audax, fui bem por um bom tempo, mas depois voltou tudo à situação anterior.
Restaurante do Parque de Pesca Panorama - PC 2 - 103 km
O segundo PC estava a 36 km do primeiro num restaurante de um Pesque e Pague no quilômetro 103 do Audax. Cheguei lá às 11 h e 59 min carimbei meu passaporte e entrei na fila para o almoço. O almoço era um prato de massa com ou molho de frango ou de carne (para os vegetarianos massa + queijo). A fila estava longa, dei uma olhada na cozinha e desisti. Comi minhas barrinhas e tomei meus energéticos. Deitei um tempo no gramado, alonguei, fiz novos exercícios e uns 20 minutos depois voltei para a estrada.
Dai em diante fui contando os quilômetros que faltavam tipo: só faltam 100, só faltam 92, só faltam 80 tamanha era a vontade de terminar o Audax. Era um prazer rever os locais por onde tinha passado.
O terceiro PC estava no Postaço, em Charqueadas, no quilômetro 153. Lá carimbei meu passaporte as 14 h e 40 min. No
briefing Charqueadas mereceu observações especiais. Tanto pelo presídio de Segurança Máxima (ou mínima) quanto pelo semi-aberto onde os hóspedes saem para furtar durante o dia e dormem em segurança à noite. Dessa forma fomos orientados para passar pelos arredores de Charqueadas e pela zona urbana sempre em grupos.
No Postaço PC 3 - já meio acabadaço
De Charqueadas seguimos para o DC Navegantes chegando à BR 290 o movimento já estava bastante intenso com a volta do feriadão. O interessante é que o movimento de carros e caminhões era pesado nos dois sentidos. Como sempre passar sobre as pontes do Lago Guaíba é uma aventura. As duas primeiras pontes tem um bom acostamento e não foi difícil transitar por ali. Agora pedalar pela ponte elevadiça é um desafio e a coisa ficou mais encandiocada na hora do trevo. Para seguir reto em direção à Av. Sertório desci da bike, subi na calçada da ponte, aguardei o momento adequado e atravessei carregando a bike. Dizem que ciclista que é bom não desce da bicicleta, mas com aquele movimento e aqueles motoristas educados (parecia que todos tinham um compromisso inadiável) resolvi não arriscar.
Chequei no DC e carimbei meu passaporte às 17 h e 43 min, com 206 km rodados. Sentei no banco da praça e comemorei. Sozinho mas comemorei com uma Coca Cola bem gelada.
O primeiro Audax a gente não esquece e assim senti falta daquele grupo para comemorar. Fazer uma prova dessas sozinho não é nada legal! A parceria, o incentivo, o fato de enxergar, nem que de vez em quando, uma cara conhecida faz muita diferença.
Talvez esse tenha sido meu último Audax! Talvez! Mas que cansei cansei! E a dor nas costas só foi passar depois do banho (bastante água quente) e deitado no sofá!
Recebendo o Certificado no final da prova.
Foto da Comissão Organizadora
Números do meu Garmin:
Distância 205,35 km, feitos em 9 h e 35 min de pedal e selim com uma média de 21,4 km/h. A velocidade máxima atingida foi de 55 km/h (na volta, descendo e com vento a favor) com 781 m de subida e 780 m de descida sendo a altitude maior foi de 99 m. Queimei umas 2835 kcal.
Os tempos oficiais e a planilha já estão disponíveis no blog da
Sociedade Audax.
Algumas cenas diferentes:O cara com uma bicicleta de dois andares:
A dupla de tanden:
Essa dupla participou de tanden.
No Audax passado ela participou sozinha conduzindo a bicicleta com uma mão só.
A bicicleta tinha todos os comando à direita.