segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pedalando com chuva e frio - reflexões

Na minha postagem anterior contei um pouco da nossa aventura desse último sábado (a minha foi de Nicolau Vergueiro - Ernestina - Encruzilhada Muller - Pulador - Passo Fundo).

Depois de muito frio e molhado até os ossos parei na lancheria do Posto Latina para tomar uma bebida quente. Da porta da lancheria pedi um café com leite (é claro que não iria entrar do jeito que estava - molhado, sujo e com as botinas enlameadas). O dono prontamente me atendeu e veio a bebida quente e gostosa num copo (fazia tempo que não tomava café com leite em copo de cerveja).

Enquanto aguardava fiquei conversando com o dono da lancheria. Foi ai que ele me disse: "Esse negócio de andar na chuva e no frio é coisa de aposentado!". Tipo assim: quem não tem o que fazer, está cansado de ficar em casa, resolve fazer um programa diferente. Não sem uma certa dose de razão ...

Na farmácia foi a mesma coisa. Parei na porta da farmácia e a moça percebendo o meu estado veio me atender na porta. Deve ter pensado: "imagina se esse cara entra e temos que limpar todo o barro e areia do rastro que ele vai deixar".  

Lembrei do e-mail que recebi esses tempos sobre as semelhanças com o adolescente e o envelhecente, um usa tênis e o outro também e outras comparações que não lembro agora (uma delas deve ser que na adolescência faz trilha de bicicleta e na envelhecência também ...).

As lembranças da aventura ficam mais gostosa quando a gente está em casa  banho tomado, degustado uma boa sopa de capeletti e depois em baixo das cobertas com o lençol elétrico ligado (coisa que aconteceu mais ou menos às 8 h e 30 min).

Teve um momento entre Pulador e Passo Fundo em que estrada se tornou mais barrenta (acho que haviam passado a patrola recentemente). A roda da bike afundava no barro, não conseguia trocar as marchas e o freio (apesar de ser a disco) começou a fazer um barulho estranho. Pensei, só me falta essa. Ter problemas mecânicos nessa hora, mas felizmente eles não ocorreram, foi só uma questão em relação à estrada por onde estava passsando.

Quando avistei as luzes da cidade fiquei muito contente, mesmo que ainda faltassem oito quilômetros. Mais tarde o Sandro (que era com quem eu estava fazendo dupla) me alertou sobre a decida que termina na ponte. Disse: "vai devagar senão tu não consegues parar". Sábio conselho, a estrada parecia um sabão, desci com calma freio dianteiro (que já não respondia tão bem) ajudando o freio traseiro e consegui chegar ileso à ponte. Dai em diante foi uma barbada.

Como a vontade de chegar era muuuito grande, na subida de São Miguel tirei, lá do fundo do baú, as últimas energias e "meti perna" até chegar no posto (e no copo de café com leite quente). Com os dedos gelados (dos pés e das mãos), todo molhado e com frio, ainda tive que ouvir a observação sobre a a aposentadoria.

Para concluir, depois que terminamos as aventuras a gente olha para trás, recorda o que passou e pensa: essa eu venci, o corpo ainda responde quando solicitado e se sente prazer. O prazer da vitória, da etapa vencida. Será que só os aposentados tem essa vontade de fazer as coisas diferentes?

Abraços e até a próxima pedalada.

Lorenzini

P.S.: Por incrível que pareça durante todo o percurso não sofri nenhuma queda digna de nota, sem nenhum arranhão (acredita Xyko). Bem, na verdade uma pequena queda. Ao parar para as tais de necessidade fisiológicas escorreguei no barro e cai sentado (nada que a máquina de lavar roupa não resolvesse).

Foto dos quatro atravessando a barca entre Nicolau Vergueiro e Ernestina
Reparem na capa de chuva JÁ vestida - e era só o começo!
(Foto do Barqueiro)

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